A Amputação do Masculino
O homem é educado para ser insensível.
Doçura, ternura, compaixão, derretimento, entrega, empatia, intuição, amorosidade, sensibilidade, romantismo...
São coisas de mulher!
Ou de maricas!
O que sobrou para os homens: a objetividade, o raciocínio lógico, a praticidade, a resistência, a agressividade, incluindo a capacidade de empreendimento e a defesa do próprio território. Ser Homem com “h” maiúsculo é ser guerreiro, portanto, inatingível, inabalável, imbatível - com grandes possibilidades de descambar para a dureza e a inflexibilidade. Afinal, “homem não chora!”
De onde surgiu a idéia de que sentir é coisa de mulher? A esta altura da evolução da humanidade, haja saber! Mas, uma coisa agora é certa, com o advento da Física Quântica: sentimento significa apreensão da realidade, podendo ser compreendido como a resposta do corpo ao acontecimento, seja interno ou externo. Segundo o físico de Brasília, Eduardo Teixeira, os sentimentos resultam das sensações corpóreas, que por sua vez são proporcionadas pelas vibrações das moléculas do organismo mediante a ação da energia em circulação. Estamos falando do impacto do nosso campo energético no contato com outros campos, como pessoas, locais, circunstâncias, etc.. E isso quer dizer que os sentimentos são o norte orientador de nossas ações.
E sendo assim, o sucesso está diretamente relacionado com a capacidade de sentir. A tal da “inteligência emocional” passa por aí. As duas competências (a masculina e a feminina) são imprescindíveis, pois não há como atingir a inteireza sem que antes aconteça a união entre ambas: a Unidade.
Isso torna compreensível o fato de as mulheres terem muito mais facilidade de fazerem mudanças, tendo sido elas, sempre, na história da evolução da humanidade, as responsáveis pela mudança de condutas, valores e padrões de comportamento. Para quem não se lembra, foi ela quem desfez os diferencias entre masculino e feminino: foi ela quem primeiro cortou o cabelo, para anos depois o homem ter a opção de usar cabelos longos. Foi ela quem aderiu a calça comprida, quando ainda era exclusividade masculina. Ela aboliu o sutiã há quase cinco décadas, mas o homem ainda não aboliu sequer o sapato com meia, mesmo que em tórrido verão.
Como a mulher nada tinha a perder em relação ao universo masculino, até porque o ocupava na condição de submissa (quando não de escrava) e restrição à vida em amplo aspecto, ela poderia perfeitamente adentra-lo, assumindo todos os riscos e conseqüências. Um adendo: com a supressão da mulher a sociedade fica privada de suas qualificações: a compaixão, a intuição, a sensibilidade... Foi sem elas que o homem veio administrando o Planeta, até dar no que deu.
E uma vez dentro do universo masculino, a mulher começou, é claro, a nele interferir.
Incorporada das qualificações masculinas partiu para a conquista de espaço na sociedade, no mercado financeiro, no campo profissional, porém com uma grande vantagem em relação aos homens: o porte de poderosas ferramentas do universo feminino, como a intuição e o direito de sentir (perceber as coisas como elas de fato são). Por isso é que o movimento de auto-libertação, por parte da mulher, desde os anos sessenta, “coincide” com o forte impulso para a evolução planetária.Agora é a vez dos homens conquistarem o terreno feminino. E aqui vai um apelo de mulher: cheguem logo, para resolvermos de uma vez por todas nossas defasagens.
Às mulheres também cabe uma convocação: a de que façam jus ao seu papel feminino, precisamente agora, acolhendo o masculino, saldando com ele uma antiga dívida. Afinal, cabe a ela contribuir para a cura dessa mortal ferida do Homem - a de ter sido amputado de seus sentimentos - considerando que a ela coube também o papel de educa-lo (amputando-o!).
Suzana Helou